O presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse que o endividamento da companhia gerou uma conta com juros que supera a média das outras petrolíferas em cerca de US$ 6 bilhões por ano. Parente participou de um almoço promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) no Rio de Janeiro e apresentou números da companhia.
Enquanto outras grandes petrolíferas pagam cerca de US$ 1 bilhão com juros por ano, a Petrobras, segundo Parente, precisa gastar US$ 7 bilhões. “A cada ano poderíamos estar implementando um novo sistema de exploração do pré-sal, e não fazemos isso pela demanda de juros que aumentou exponencialmente nesse período [de 2008 a 2014]”, comparou.
O presidente da Petrobras disse que, no final de 2014, a dívida bruta de R$ 132 bilhões da estatal superava a de todas as unidades da federação brasileiras somadas, se fosse excluído o estado de São Paulo. Quando o estado mais rico do país entrava na conta, a Petrobras passava a dever 70% do total contabilizado.
Parente apresentou métricas que apontam para a redução da alavancagem (endividamento) da Petrobras, medida pela relação entre a dívida líquida e Ebitda, conceito que se refere aos lucros antes de juros, impostos e outros descontos. A relação caiu de 5,1 vezes no final de 2015 para 3,2 vezes no primeiro trimestre de 2017. O objetivo é chegar a 2,5, mas o presidente da Petrobras disse que o empenho em reduzir a alavancagem continuará mesmo após ser atingido esse valor. “Uma empresa saudável no Brasil não pode ter uma relação superior a 1,5 vez”, disse.
Redução de empregados
A diminuição de custos da companhia por meio de parcerias e desinvestimentos, que foi de US$ 13,6 bilhões entre 2015 e 2016, deve ser ainda maior entre 2017 e 2018, quando se espera que chegue a US$ 21 bilhões.
Entre as medidas que devem contribuir com esse resultado está o plano de demissão voluntária, que ajudou a reduzir o número de empregados de 78,5 mil no final de 2015 para 65.169 no primeiro trimestre de 2017. Entre os terceirizados da companhia, a queda foi bem maior, e Parente estimou que o número de empregados diretos ou contratados em obras de interesse da empresa caiu de cerca de 400 mil para 200 mil.
Privatização
Ao responder a pergunta de um dos empresários, Pedro Parente voltou a descartar que qualquer discussão sobre a privatização da Petrobras estivesse na agenda de sua administração ou do governo. “Existe tanto carinho do brasileiro pela Petrobras que eu não vejo que essa é uma agenda da sociedade. No nosso setor, temos empresas estatais que deram muito certo e temos também algumas empresas privadas que não deram tão certo assim. Se no momento a gente abre essa discussão, só vai fazer atrapalhar a vida da gente nesse plano estratégico”.
Parente lembrou que a situação da Petrobras foi melhor avaliada por agências de risco e destacou que a Moody’s aumentou a nota da estatal em dois patamares e a Standard & Poors, em um patamar. A nota do Brasil nessas avaliações de risco, no entanto, ainda funcionaria como um teto que a Petrobras não pode ultrapassar. “Poderíamos estar em um nível maior, mas temos esse teto dado pela situação soberana do país”. (Agência Brasil)