O total de mulheres que frequentam a região da Cracolândia dobrou de 16,8% para 34,5% no intervalo de apenas um ano. Em 2016, 119 mulheres foram encontradas no local. Este ano, o número subiu para 642 mulheres.
Esse e outros dados fazem parte de uma pesquisa divulgada pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social que abrange o período comparativo entre abril e maio de 2016 e abril e maio de 2017.
É o primeiro perfil traçado sobre usuários na região, envolvendo dados de características sociodemográficas, vulnerabilidade social, rede de suporte social, padrão de uso de substância e uso dos serviços disponíveis para a população.
O levantamento, feito em consultoria com o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD), traz outras informações sobre o perfil de usuários de crack na região. Entre as 139 pessoas entrevistadas no período, 44,2% (homens e mulheres) atribuem o fato de frequentarem a região a conflitos familiares, como perdas, divórcios, violência e abandono.
Entre os entrevistados, 44% manifestaram interesse de parar de consumir drogas. A conclusão é de que essa intenção está associada à participação em tratamentos anteriores contra a dependência.
Das mulheres participantes da pesquisa, 14,3% estavam grávidas. Mais da metade das mulheres que disseram já ter engravidado não quis fazer o pré-natal. Em gestações anteriores, as mulheres se referiram a diversos problemas, como filhos abaixo do peso (100%), filhos prematuros (67%), abortos (21%), natimortos (21%) e UTI (21%).
As mulheres também relataram terem sido vítimas de abuso físico e sexual na infância (44,1%); sofrido violência física na Cracolândia (70,6%); e que já haviam consumido drogas injetáveis (40%).
A maioria dos entrevistados não possuía Ensino Médio e a pesquisa constatou que aumentou o número de pessoas com curso superior. Outra constatação é de que nem todos os frequentadores da região são usuários de crack: 15% se declaram alcoólicos e 13% disseram não usar qualquer tipo de droga.
Entre os dependentes químicos, mais da metade (66,4%) não estava em situação de rua antes de consumir drogas; 74% moravam em suas casas ou nas casas dos familiares antes de irem para a Cracolândia; 42% contaram não ter o que fazer em situação de emergência; e, dos que possuem algum tipo de apoio, 57,6% dizem contar apenas com a ajuda de familiares.
Foram excluídas da pesquisa as pessoas que estavam consumido crack no momento da entrevista, desacordados e que apresentavam comportamento violento. A área de abrangência compreendeu os perímetros previamente delimitados das ruas Dino Bueno, Helvétia e Praça Largo Sagrado Coração de Jesus.
Programa Recomeço
O Programa Recomeço do Governo do Estado oferece 3.327 vagas para tratamento de dependentes químicos por meio de uma rede de assistência social e de saúde. O Recomeço desenvolve ações de prevenção ao uso de substâncias psicoativas e de combate ao tráfico de drogas, controle e requalificação de territórios. O apoio se estende aos familiares, acesso à iniciativas de justiça e cidadania, apoio socioassistencial e tratamento médico.
FONTE: Agência Brasil.
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