Por Járcio Baldi
Jorge Martin realizou um feito histórico na “Era MotoGP”- inicio da utilização dos motores de quatro tempos no Mundial de Motovelocidade. O espanhol tornou-se o primeiro campeão com uma equipe satélite. Fato semelhante foi alcançado por Valentino Rossi no ano de 2001, ainda com motores de dois tempos. Apesar de um suporte da fábrica, como a Pramac-Ducati, Rossi foi campeão com uma NSR500 na equipe não oficial, Honda Nastro Azzurro.
Até atingir o topo, a carreira de Jorge Martin não tem sido fácil. Em 2021 o piloto teve um sério acidente na etapa de Portimão, com múltiplas fraturas na perna, e várias semanas fora da competição, chegando a por em risco sua carreira. Seu pai colocou o apelido de Martinator, pela sua capacidade de suportar a dor. Em 2023 foi preterido por Enea Bastianini na Equipe Ducati oficial, mas o espanhol levou a Equipe Pramac a vencer o Mundial de Equipes superando a própria Ducati. Apesar de não ter sido escolhido como piloto oficial, Martin afirmou que nunca faltou-lhe apoio da fábrica italiana. “A Ducati nunca me decepcionou. Ok, eles fizeram uma escolha diferente do que eu esperava e isso foi algo que não pude controlar, então me concentrei naquilo estava ao meu alcance, que é pilotar a moto da melhor forma possível”. “Mas referente ao nível técnico eles sempre me apoiaram. Antes da última corrida eu disse ao Gigi (Dall’Igna): ‘Gigi, não sei o que fazer com a roda traseira, por favor me ajude’. Ele veio até o nosso box e conversamos”. “Mesmo no momento mais crítico ele veio me ajudar. É uma pena encerrar dessa forma esse ciclo na Ducati, mas a vida é assim, e estou muito feliz pelo que está por vir”, revelou.
Jorge tornou-se o quinto piloto espanhol campeão na categoria principal do motociclismo. “Ainda não consigo acreditar, estou em choque!” disse Martin, recém-saído das comemorações do pódio. “Foi uma longa jornada. Minha carreira não foi fácil. Claro, tive boas oportunidades, mas eu as construí. Trabalhei muito duro, fiz muitos sacrifícios”. “Na temporada passada, tive a oportunidade, mas creio que não estava preparado”. “Este ano senti que era o meu ano”. “Tive uma moto incrível nestes quatro anos, além da a oportunidade de lutar até o fim com um piloto incrível que é o Pecco”, finalizou.
O Diretor Geral da Ducati, Gigi Dall’Igna, parabenizou o piloto pela conquista e disse que não houve arrependimento por deixar Martin sair. “Sabíamos que era um campeão, um lutador, tínhamos isso em mente quando fizemos a opção por Marc”. “Como sempre digo, o meu objetivo era ter os três pilotos, incluindo o Martín”. “Simplesmente, quando entendi que o sistema dizia que era impossível manter os três, tive que fazer uma escolha, da qual ainda estou convencido”, disse. Em relação à derrota de Pecco, Dall’Igna disse que um piloto que vence onze provas numa temporada certamente é um grande campeão, e que nem sempre é possível vencer e que o piloto fez coisas maravilhosas nessa temporada. Quando perguntado sobre a estreia de Marc Marquez nessa terça-feira nos testes frisou: “O que ele terá no box será, sua a GP23 deste ano, e depois a GP25, ou melhor, o embrião da GP25, porque é uma moto que certamente terá evoluções daquela que será usada por Marc e Pecco nos testes de Barcelona”. Gigi disse que, salvo mudanças de última hora, Marc não provará a GP24 e que a GP25 não sofrerá grandes mudanças em relação à GP24.
Bagnaia não foi campeão, mas conquistou o “BMW Award”, que premia o piloto que obteve mais pontos nos treinos classificatórios durante a temporada. O italiano levou para casa um automóvel BMW M5. Pecco ficou dez pontos à frente de Jorge Martin.
Diogo Moreira, nosso representante no Mundial, fechou com chave de ouro sua temporada de estreia na Moto2. O brasileiro conquistou o terceiro lugar na prova de encerramento da temporada superando o atual campeão Ai Ogura na penúltima curva. Diogo conquistou o título de estreante da categoria, superando inclusive, o campeão da Moto3 de 2023, Jaume Masia.
Diogo Moreira
Foto/MotoGP
Na Moto3 David Alonso conquistou mais uma vitória, a 14ª na temporada e aumentou o recorde de número de vitórias numa única temporada da Moto3.
Legenda: Martin comemora o título de 2024
Foto/MotoGP