O Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu a meta de inflação para 2019 em 4,25% e para 2020 em 4%. O anúncio foi feito pelos ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Dyogo de Oliveira, e o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, que forma o conselho.
O intervalo de tolerância é 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. A meta deve ser perseguida pelo Banco Central e o principal instrumento usado para atingir o objetivo é a taxa básica de juros, a Selic. Quando o Copom aumenta a Selic, a meta é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando o Copom diminui os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.
Esta é a primeira redução no objetivo a ser perseguido pelo BC desde 2003, quando o CMN definiu a meta de inflação para 2005 em 4,5%. Desde então, o centro da meta de inflação é 4,5%. Naquele ano, o intervalo de tolerância foi definido com 2,5 pontos. Em 2006, esse intervalo caiu para 2 pontos e permaneceu assim nos anos seguintes até ser reduzido para 1,5 ponto para 2017 e 2018.
Na quinta-feira (29), o governo publicou no Diário Oficial da União o Decreto nº 9.083, permitindo que a meta seja definida com três anos de antecedência e não mais dois anos. Esta nova regra passará a valer para a meta de 2021. O decreto também permitiu que o CMN definisse a meta para 2020. Segundo nota do BC, a mudança amplia a capacidade da “política monetária balizar as expectativas de inflação para prazos mais longos, o que reduz incertezas e melhora a capacidade de planejamento das famílias, empresas e governo.”
“A finalidade da extensão desse prazo é exatamente porque estamos gradualmente iniciando um processo de convergência para padrões internacionais”, disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em entrevista à imprensa, após a reunião do CMN. Meirelles acrescentou que a medida ajuda a melhorar as expectativas para a inflação e a assegurar o crescimento da economia e do emprego.
Meirelles acrescentou que as novas metas de inflação estão alinhadas com as expectativas do mercado. Ele disse que há uma “convergência natural da formação de preços” para os patamares da meta de inflação. O ministro disse que a indexação da economia brasileira é uma das razões que justificam a redução gradual da meta.
Questionado se não deveria haver uma mudança na meta deste ano, devido à expectativa de inflação menor, o presidente do BC disse que não deve haver alterações. “Fixamos metas e não pretendemos mudar, nem as passadas, nem as futuras”, disse. Meirelles acrescentou que haveria um “custo” em mudar uma meta já estabelecida, “surpreendendo a todos” e afetando as expectativas. (Agencia Brasil)
Leg: Os ministros Diogo de Oliveira, do Planejamento, e Henrique Meirelles, da Fazenda, e o presidente do Banco do Brasil, Ilan Goldfajn, durante coletiva sobre meta de inflação
Foto/ Antônio Cruz/Agência Brasil