A camomila desidratada produzida em Mandirituba, na Região Metropolitana de Curitiba, recebeu na terça-feira (23) o reconhecimento de Indicação Geográfica (IG) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Esta foi a 14ª IG concedida a produtos do Paraná e a primeira publicada pelo instituto em todo o Brasil em 2024.
O selo foi concedido na modalidade de Indicação de Procedência, que atesta a qualidade e a tradição do produto cultivado em um determinado local, à Associação dos Produtores de Camomila de Mandirituba (Camandi). A cidade é considerada a capital nacional da camomila, sendo uma das principais produtoras da erva em todo o Brasil, de acordo com o Sebrae Paraná, que orientou o processo de concessão do selo de IG ao produto.
Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), Mandirituba é responsável por cerca de 30% de toda a camomila produzida no Paraná, com mais de 300 toneladas anuais colhidas. Anualmente, a produção desta planta também gera cerca de R$ 5 milhões de faturamento bruto aos produtores da cidade.
A camomila de Mandirituba é utilizada para chás, essências e produtos farmacêuticos. Além disso, o cultivo também impulsiona o turismo regional, já que visitantes vão até a cidade para acompanhar a florada da lavoura, especialmente nos meses de agosto e setembro.
Ao todo, cerca de 50 famílias produzem camomila na cidade, em uma área total de 875 hectares. Ela foi levada para Mandirituba por imigrantes do Leste Europeu, principalmente vindos da Ucrânia e Polônia, ainda no início do século XX. A produção local, no entanto, despontou como uma referência nacional na década de 1990. No parecer que reconhece o selo de Indicação Geográfica à camomila de Mandirituba, o INPI afirma que houve uma evolução significativa no que se refere às técnicas de produção utilizadas.
“Etapas que antes eram realizadas manualmente, hoje são feitas de forma totalmente mecanizada, desde a semeadura até a secagem. Não obstante as mudanças trazidas pela introdução das novas tecnologias, a tradição e o saber fazer dos agricultores têm sido perpetuados pelas novas gerações”, diz o documento.
Segundo a análise do INPI, Mandirituba é uma referência na produção da camomila em função das condições de solo e clima, que são propícias para o cultivo, associadas ao conhecimento dos produtores sobre os potenciais agrícola, alimentício e medicinal do produto.
O parecer também destaca a qualidade da camomila de Mandirituba, que supera com folga o teor médio de concentração de óleo essencial exigido pelo mercado. Em geral, a concentração precisa ser superior a 0,4% e a camomila de Mandirituba tem, em média, concentração de 0,7%.
Fonte: AENPR