Por Járcio Baldi
Após o título Mundial vencido por Pecco Bagnaia no domingo, os pilotos da MotoGP retornaram à pista de Valência na terça-feira para testarem as motos em que disputarão a próxima temporada. A estréia mais aguardada foi a de Marc Márquez com uma Ducati, após onze temporadas pilotando uma Honda. E o espanhol mostrou uma rápida adaptação à moto, ficando com o quarto melhor tempo, deixando um recado de que, certamente lutará pelo titulo em 2024. O diretor de esportes da Ducati, Paolo Ciabatti, admitiu que eles terão que gerenciar uma certa “dor de cabeça” na luta entre as equipes Ducati. “Precisamos de mostrar que somos capazes de gerir”, disse Ciabatti ao MotoGP.com. “Mostramos que, de certa forma podemos administrar situações complexas e a rivalidade entre duas equipes como aconteceu com a Lenovo e Pramac”.”Não podemos esquecer que temos sete pessoas da Ducati Corse trabalhando na Pramac, cinco pessoas na Gresini, e três na VR46”. “Todos os pilotos podem compartilhar dados, sendo algo que a Ducati pensa que pode gerir”. “Será interessante, que tenhamos algumas dores de cabeça adicionais para administrar na próxima temporada” finalizou. Ciabatti também falou sobre a manutenção de Enea Bastianini na equipe oficial, dizendo que o piloto teve um ano bastante difícil com dois acidentes sérios, mas mostrou que é um dos pilotos mais rápidos do grid e merece continuar na equipe.
Marc Márquez não conseguiu esconder sua cara de felicidade ao tirar o capacete após sua estreita com a Ducati, demonstrando que o prazer de pilotar está de volta, mesmo sendo num time independente. Os números de Marquez falam por si. Foram quarenta e nove voltas e o quarto melhor tempo do dia, sendo a segunda melhor Ducati, ficando a apenas dois décimos mais lento que seu melhor tempo com a Honda no GP de Valência, sendo que as condições de pista durante os testes estavam muito piores. Márquez não pode dar declarações à imprensa devido a estar sob contrato com a Honda até final de dezembro. Gigi Dall’igna disse estar curioso em ouvir os comentários do piloto sobre a moto. Marc será submetido à cirurgia da Síndrome Compartimental em seu braço direito. Essa síndrome é mais conhecida como “arm pump” e resulta em dor e dormência devido à falta de fluxo sanguíneo no músculo do antebraço. A maioria dos pilotos já realizou esse tipo de cirurgia pelo menos uma vez, mas até o momento Marc não havia demonstrado que tinha esse tipo de problema. Resumidamente, é uma cirurgia que incisiona a fascia que envolve o músculo do antebraço liberando o movimento do mesmo. Tal cirurgia normalmente é realizada sob anestesia local.
Na Honda, Joan Mir, que trabalhará com o ex-chefe de equipe de Márquez, Santi Hernandez, disse que pela primeira vez viu uma evolução na moto japonesa. “Não tivemos muito tempo para fazer voltas rápidas, mas mesmo assim não fomos mal”. “Em termos de ritmo consegui ser forte e senti alguma confiança na moto” afirmou o ex-campeão. “Faremos alguns trabalhos de casa para a Honda chegar a Sepang com uma moto melhor”. Na Yamaha Fabio Quartararo, testou pacotes aerodinâmicos, chassi e o novo motor de sua M1. Já seu companheiro de equipe, Alex Rins, que voltou a utilizar um motor em linha após sua última vitória ali mesmo em Valência com uma Suzuki em 2022, testou apenas aspectos aerodinâmicos na sua Yamaha. O diretor do time, Massimo Meregalli, confirmou a rápida adaptação de Rins à M1 e se demonstrou confiante: “Enviaremos todos os dados para a Yamaha Motor Company no Japão e para a Yamaha Motor Racing na Itália, onde os engenheiros da fábrica trabalharão incansavelmente para preparar os próximos passos para os testes de fevereiro em Sepang”.
A KTM, estava com a carenagem camuflada como uma zebra, e segundo seu diretor Francisco Guidotti, focaram na evolução da eletrônica e aerodinâmica. “Sabemos que o nosso motor é forte e o chassi, de fibra de carbono, é a primeira especificação da nova tecnologia: há muitas áreas onde ainda podemos trabalhar” afirmou. O campeão da Moto2, Pedro Acosta estreou na KTM-Tech3 e ficou com o 18º tempo após 70 voltas, ficando a 1.2s do melhor tempo que foi de Maverick Viñales. “Pude ver como funciona uma moto de MotoGP, com discos de carbono, os pneus e o até o combustível que é bastante difícil de gerir. A moto é muito rápida” afirmou a revelação. Os pilotos entraram em ferias de inverno, voltando para novos testes em fevereiro.
Legenda: Marc Marquez debuta na Ducati
Foto: MotoGP