A renda per capita no Brasil é bem inferior à média dos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas o governo tem feito ajustes para reduzir essa diferença. A afirmação é do presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, durante o lançamento de relatório da organização com sugestões da organização ao governo brasileiro, em Brasília.
Para a OCDE, a sustentação da recuperação econômica do Brasil “exigirá esforços adicionais para controlar os gastos públicos, aumentar o comércio internacional e o investimento e focar mais os gastos sociais nos mais necessitados”.
“Nossa renda per capita ainda é bem inferior à média dos países membros da OCDE, mas os ajustes e reformas que o atual governo vem promovendo visam a colocar o país em um caminho que permita reduzir esse distanciamento”, disse Goldfajn.
Goldfajn ressaltou que o governo brasileiro vem adotando, nos últimos anos, ações para a “plena adesão” do Brasil à OCDE. O presidente do BC lembrou que o pedido formal de adesão foi feito em maio de 2017. “A maioria dos países membros consideram o Brasil um candidato relevante à posição de membro pleno, dados o tamanho e a complexidade de nossa economia, nossa tradição de posicionamentos técnicos consistentes e nosso alinhamento aos padrões e valores ocidentais”, disse.
Ele acrescentou que a adesão do Brasil representaria uma “ponte entre a OCDE e os BRICS [grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul ]”. “O reconhecimento internacional advindo da participação na OCDE seria importante pois tende a aumentar a confiança no país e, assim, atrair mais negócios, repercutindo positivamente não só no crescimento, mas sobretudo no ambiente macroeconômico e, em especial, no custo do financiamento da dívida soberana, beneficiando a economia brasileira”, destacou.
Também na abertura do lançamento do relatório, o ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira, disse que muitos dos pontos apresentados pela OCDE já vêm sendo perseguidos pelo Brasil, como a reforma da Previdência.
Oliveira citou também a necessidade de melhorar os investimentos, apontada pela OCDE. Segundo o ministro, o Brasil precisa simplificar e facilitar o apoio a setores, além de “dinamizar o mercado de longo prazo de crédito para facilitar acesso de investidores a esse mercado”. Ele reafirmou o interesse do Brasil em integrar a OCDE e em “passar a adotar ao longo do tempo práticas políticas coerentes com as melhores práticas internacionais”.
Relatório confirma medidas, diz Meirelles
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que o relatório confirma o trabalho atual do governo de controle de gastos. Ele destacou ações do governo como a definição do teto de gastos públicos e o envio ao Congresso da reforma da Previdência. Meirelles também citou a reforma trabalhista, indicando que deve gerar 6 milhões de novos empregos e aumentar gradativamente o índice de produtividade do Brasil.
Meirelles também citou as 15 medidas microeconômicas e de ajuste fiscal consideradas prioritárias pelo governo. Sem poder votar a reforma da Previdência por causa da intervenção federal no Rio de Janeiro, o governo indicou essas medidas como as pautas prioritárias de votação no Congresso para este ano.
“Não foi um lista de novas medidas, mas uma lista prioritária de medidas que já estão em andamento. Algumas medidas são fundamentais, como a simplificação tributária”, disse Meirelles
O ministro também destacou que o relacionamento do Brasil com a OCDE está se expandindo. Meirelles considera que o Brasil está avançando no processo de adesão, embora demande tempo. Ele acrescentou que o Brasil é soberano para adotar práticas definidas pela organização, que coincidem com as adotadas no Brasil.
A OCDE, sediada em Paris, é uma organização internacional formada por 35 países. O Conselho da OCDE está analisando o pedido de adesão do Brasil, formalizado em maio de 2017. Além do Brasil, o Conselho analisa pedidos semelhantes da Argentina, Bulgária, Croácia, Peru e Romênia. (Agência Brasil).