A dosagem da política monetária se mostrou, até o momento adequada, disse o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, na terça-feira(10).
Goldfajn destacou a “queda substancial” da inflação em 12 meses, de 10,7% ao final de 2015 para 2,5% em setembro de 2017.
“A ociosidade na economia desempenhou papel desinflacionário na medida em que demanda era limitada frente à oferta disponível, como é típico de períodos recessivos. No entanto, não podemos dimensionar exageradamente esse fator”, disse aos senadores.
O presidente do BC lembrou que a recessão durou mais de dois anos, mas a inflação manteve-se elevada até o terceiro trimestre do ano passado. Segundo Golfajn, isso aconteceu porque, em um ambiente de incertezas e expectativas de inflação elevadas, as empresas continuaram a reajustar seus preços para evitar possível queda das margens de lucro. “Esse comportamento defensivo aprofundava a recessão sem que houvesse queda na inflação”, explicou.
“A condução firme da política monetária, aliada à mudança na direção da política econômica de forma geral, foi decisiva para mitigar esse comportamento defensivo, reduzindo as expectativas de inflação e colocando a inflação em trajetória de queda”, acrescentou.
Para Goldfajn, a recente queda da inflação é resultado da atuação “firme” do BC para “domar as expectativas inflacionárias, apoiado pela política econômica de forma geral”. “A dosagem da política monetária [definição da taxa básica de juros, a Selic] se mostrou, até o momento adequada, com atuais expectativas de crescimento [econômico] para 2017 e 2018 maiores que as esperadas no final do ano passado”, disse.
Goldfajn também citou como fator para a redução da inflação a queda dos preços de alimentos. Em 12 meses encerrados em setembro, o custo da alimentação em casa, medido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumula queda de 5,3%, em contraste com aumento de 9,4% em 2016. “Isso representa uma contribuição de mais de 2 pontos percentuais para a desinflação, o que explica em boa medida o fato de a inflação encontrar-se, neste momento, abaixo do limite inferior da meta para 2017”, acrescentou.
“É natural, em função dos choques [fortes variações nos preços], se esperar que, num regime de metas bem implementado, a inflação flutue em torno do objetivo, estando, por vezes, acima ou abaixo da meta estabelecida. O importante é que as expectativas para a inflação nos anos seguintes estejam ancoradas na meta”, destacou.
A meta de inflação tem centro de 4,5%, limite inferior de 3% e superior de 6%. As projeções do mercado financeiro indicam inflação abaixo do piso da meta.
Goldfajn disse ainda que o cenário de recuperação da economia brasileira se dá em um ambiente de redução da taxa Selic, que levado à queda das taxas de juros reais (descontada a inflação), “atualmente em valores próximos aos mínimos históricos”.
O presidente do BC defendeu a continuidade das reformas, em particular a da previdência. “É importante para o equilíbrio da economia, com consequências favoráveis para a desinflação, para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia brasileira”, disse.
Cenário Internacional
Goldfajn disse que em relação à economia internacional, “o cenário tem se mostrado favorável para as economias emergentes de maneira geral, e para o Brasil em particular, na medida em que a atividade econômica global vem se recuperando sem pressionar as condições financeiras nos países avançados”. Ele acrescentou que isso “contribui para manter o apetite ao risco em relação a economias emergentes, proporcionando um ambiente mais sereno nos mercados de ativos brasileiros”.
A participação do presidente do BC em audiências públicas sobre a política monetária na comissão está prevista em no Regimento Interno do Senado. (Agencia Brasil)
Leg: Presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, destacou a “queda substancial” da inflação em 12 meses, de 10,7% ao final de 2015 para 2,5% em setembro de 2017, durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos
Foto/ Antonio Cruz/ Agência Brasil